Wednesday, November 09, 2005

Cadê a Luz?

Atentados na França já resultam em 6400 carros queimados, 274 centros urbanos atingidos e mais de 1700 presos. A revolta se alastrou pela Europa. Bélgica, Alemanha, Dinamarca e Espanha já mostram sinais. Violência alimentada por exclusão social e racismo.

O caso francês é crítico. É fato que árabes, 15% da população, vindos de ex-colônias francesas do norte da África, nunca se integraram verdadeiramente à sociedade. Árabe, só se for l’arab du coin, lojinhas de conveniências locais. A maioria dos norte-africanos vive nos subúrbios, em prédios ruins (apartamentos minúsculos, sem ventilação, com falta de banheiros etc), com ajuda do governo.

Se o desemprego na França é de 8.9% (The Economist Pocket World in Figures), dados revelam que mais de 40% dos casos são entre árabes. A segunda geração de imigrantes é ainda mais discriminada. Organizações não-governamentais lutam até para instituir o tal currículo anônimo, para ver se combate o racismo. Risível. Daí, CV aprovado e chega aquele árabe narigudo para entrevista, com olhões esbugalhados... Je m'appelle Kha... c'est a dire Charles.

O modelo de integração social francês fracassou. O Europeu, como um todo, foi por água abaixo. Não há oferta de trabalho capaz de absorver tanta mão-de-obra. Os imigrantes chamados durante os booms de crescimento europeu, principalmente nas décadas de 70 e 80, hoje estão à mercê do Estado. Seus filhos crescem excluídos e percebem desemprego, racismo, falta de oportunidade e acessos limitados.


E o que fazer? Se essa revolta mostra um grito de desespero, no entanto, para o Estado, revela uma explosão de fracasso. A resposta imediata do governo para controle da situação é repressão; por parte da sociedade, mais racismo. Mas qual a solução a longo prazo? Vale lembrar que em 2002, o candidato fascista Jean-Marie Le Pen quase venceu as eleições. Na reta final, o sósia do Maluf, seu Jacques Chirac, venceu por causa da rejeição a Le Pen. Imagina uma França fascista?

Por outro lado, vale perguntar: e aí, mundo árabe!? Quem vai surgir para liderar os fanáticos? Grande parte da revolta na França -e em outros países europeus- foi iniciada por radicais extremistas muçulmanos. Será possível outro caminho, que não se valha de intolerância, morte, retrocesso e estupidez...? Ou o caos é necessário; o desrespeito à vida, mera conseqüência? Outro dia, um muçulmano moderado dizia que não é necessário preocupação, porque entre um bilhão de praticantes, somente 50 mil eram fundamentalistas perigosos. Somente? Bem, cinqüenta mil é um exército de bom tamanho. Outros ataques: Filipinas, novembro; Jordânia, em novembro; Indonésia, em agosto; Londres, primeiro semestre; Espanha, no ano passado; Caxemira, EUA...

Vejo tudo isso com muita tristeza. Assim, meu rei, a solução é morar na Bahia e rezar para Iemanjá para ver se a vida melhora!

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