As reviravoltas de Alice: Machu Picchu

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Aventura nos Andes

De São Paulo a Lima
Laurent foi para o Acre no dia 15 de dezembro, com a missão de cruzar a tri-fronteira Brasil, Bolívia e Peru. Na ocasião, apesar de Laurent falar português de nível intermediário, ele se julgava fluente até em portunhol. Eu, ainda no Brasil, trabalharia até o dia 19, meu aniversário. Viajaria de VARIG no dia 20 e encontraria Laurent na capital do Peru. Foi como sucedeu.

Passei muito mal no vôo. Indigestão, afito, desconforto gástrico. Bem, pulemos essa parte desagradável. Encontrei Laurent meio-dia, pálida e com cólica. Paramos em uma farmácia e compramos o que era necessário.

Drogaria
- Dos cajas de BACTRIM, por favor.
- Si.
- Gracías.

Wow, no Peru, não precisamos de receita para nada. Mmm.

- Dos cajas de VALIUM también, por favor.

- Si.

- Gracías.

Táxi ou coletivos
Taxistas na porta do aeroporto gritavam, numa disputa selvagem pelo próximo passageiro. Confusão. Irritante confusão. O meio de transporte mais popular do Peru é o coletivo. São como as lotações brasileiras.

- Taxi?
- No, señor, gracías.
- Para donde va?
- Señor, gracías.
- Para donde va?
- ARRRR! Iremos de colectivo Miraflores

Sim, ao hotel de coletivo! Conheceríamos mais as ruas, o povo e o trânsito peruano. Laurent, na cidade há dois dias, sentia-se íntimo, um verdadeiro guia de viagem.

Laranja Lima
No hotel, havia um grupo de ingleses que participava do programa World Challenge. Estes jovens pagavam três mil libras esterlinas por mês para a organização citada. Esta, por sua vez, enviava jovens ricos para os cantos mais perdidos do mundo, sob o pretexto de ajudar países subdesenvolvidos.

Os rapazes ficaram quatro meses nos campos do interior do país, trabalhando em fazendas. Depois, foram curtir o resto do “gap year”, em Lima. A onda agora era sair com prostitutas peruanas.

Monastério Franciscano
Visitamos o Monastério Franciscano no centro. Repleto de arabescos, de porcelanas antigas, com o chão de cimento queimado, o prédio traz salas e salas de mistério. A biblioteca chama atenção, toda em madeira, com escadas em caracóis e uma coleção do século XVII em latim, espanhol, francês. Outros destaques são a sala de jantar e a imensa cripta, o ossuário de segredos católicos!

Museu do Ouro
O Museu do Ouro, uma fundação privada patrocinada pela H.Stern, fica perto da embaixada dos Estados Unidos, em uma das regiões mais nobres de toda capital. A entrada é cara, 30 dólares por pessoa, e não aceita carteirinha de estudante. As peças incas estavam em um display preto, numeradas. No entanto, não havia explicação, datas etc. Decepcionante.

Culinária
Pollo com Papas y Aji: Frango na brasa com batatas e pimenta. Uma delícia. É o prato mais popular do Peru.
Ceviche: Peixe cru, curtido no limão e condimentos. Outra especialidade latina.

Mayoristas
Fomos conhecer os atacadistas de Lima. Uma loucura. Eles vendem prata tipo 950, 925, que são as de melhor qualidade, por peso. Descobrimos que no norte do Peru é feito um artesanato de prata lindíssimo.

Artistas de rua
Vale conferir em Miraflores, na praça central, artistas plásticos de rua. Há muita coisa interessante. Se algumas telas são bonitas, no entanto, todas são extremamente e abusivamente caras. Preço inicial médio de mil dólares por tela. Bem, não é o caso nem de pechinchar!

Troca-troca
- Gringos!, alguém gritou
- Peruanos!, Laurent respondeu.

Inca Kola
Inca Kola, o refrigerante nacional do Peru, foi criado por um imigrante inglês em 1935. Alguns dizem que o gosto lembra abaxi, outros banana, outros lima.

Enfim, o que interessa dizer é que a marca não faz concorrência para a líder Coca-Cola. A Inca é da multinacional americana desde 1999. Se os donos mudaram, no entanto, a apresentação ainda continua com o jeitão trash, com cara de refri do interior.

Cuzco