Saturday, September 03, 2005

Katástrofe

Há uma semana o furacão Katrina arrasou New Orleans/LA (29 de agosto) e ainda não sei o que merece mais atenção: a atitude das pessoas ou a intempérie. Os moradores dos locais atingidos defendem-se a si próprios sem que haja qualquer compromisso coletivo. Cegos e aflitos. O dever moral -para não entrar em discussões de caráter religioso- não impera. O que reina é a barbárie. O povo em desespero. Bem-vindos à terra sem lei.

A cidade, conhecida como Big Easy, tem 80% de sua área inundada, devido ao rompimento de dois anéis dos diques que protegem o local de possíveis enchentes. New Orleans fica abaixo do nível do mar e vive sob o risco de transbordamento do rio Mississipi e do lago Pontichartrain.

Dave Martin AP
A terra que foi o berço do jazz virou um esgoto a céu aberto, com cadáveres flutuantes e doenças. Milhares de pessoas presas em uma ilha fétida. Sem saída. Uma situação de grande infortúnio para aqueles que ficam. No entanto, solidariedade e cooperação estão sufocadas por exasperação e egoísmo. Nas regiões devastadas pela passagem do ciclone a reação consiste em um "salve-se quem puder". Pessoas saem armadas para roubar as poucas casas e lojas que sobraram. Os proprietários, na defensiva, também estão armados. Tiros para todos os lados. Desastre sanitário duplo.

As pessoas não buscam somente por comida e água. Roubam televisões, DVDs, microcomputadores, peças de carro e tudo o que, para eles, parece ter valor. Há casos de estupro, de ataques a hospitais, entre outras selvagerias. Os motivos que guiam o homem podem ser explicados racionalmente, mas como a razão é também pessoal e subjetiva, as atitudes contrariam o senso dos que vêem a situação de fora.


Dave Martin AP
O governo federal, muito criticado pela demora em enviar ajuda, mandou comboios anfíbios e blindados para resgatar, aos poucos, a população. O clima é de medo. O estádio coberto Superdome, em New Orleans, foi o primeiro espaço de refúgio de familiares. As vinte mil famílias reunidas no espaço ficaram desgovernadas. Sujeira e violência imperaram novamente. Foi quando o governo iniciou a transferência de milhares de pessoas para outro estádio, o Astrodome, no Texas. Porém, tiros foram disparados contra os helicópteros de resgate e pessoas atearam fogo do lado de fora do Superdome.

David Phillip AP

O presidente George W. Bush, que sobrevoou duas vezes o local, aprovou um pacote de ajuda de emergência de 10,5 bilhões de dólares. Cerca de 60 países, sensibilizados pela desgraça, enviaram ajuda. Entre eles, Cuba, que ofereceu mil médicos e 26 toneladas remédios, e Venezuela, que doou um milhão de dólares para as vítimas do furacão, além de prometer petróleo.

1 comment:

Lucia Freitas said...

Queridíssima
Vale a pena ler o artigo da Anne Rice a respeito. Um show de bola, me fez chorar no café da manhã. I'm glad you both are far away...
beijos mil