Quixote chicoteia o real
O dom de encantar a vida para entendê-la, absorvê-la, experimentá-la. Quixote relacionava-se com o outro, como encantado e encantador. Buscava Dulcinéia ou inimigos, como a si mesmo. Sua experiência intersubjetiva com a vida não seguia os parâmetros esperados na relação social. Ele experimentava o real de maneira diferente. Quixote não vivia em função da expectativa alheia. Seu motor era o eterno buscar; sua esperança, talvez, o não responder.
Partiu a procura do amor, em busca de aventuras, na defesa do 'bem'. Oh, sábio durão, que já era démodé no tempo das descobertas espanholas. Um tipo medieval da cavalaria, excêntrico, original, tardio.
Admirável Quixote, que passou por bobo, singelo, doce e ideal. O santo ou frágil, incapaz ou trágico, o homem que fez o mundo parar por um segundo, ao ver poesia no que já não revelava novidade.
LIVRARIA CULTURA: Dom Quixote de La Mancha - V.1
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