Saturday, November 23, 2024

Saudade

Torsten Hoffman

Te espero para o café-da-manhã, Sol. É verão, diz a folhinha de cá, tua vez. Abro janelas e vejo chuva e saudade e frio e vento e chuva e cinza. Tanto e teu retiro. Por que não amanheceste? Água fria. Amanhã, não te esqueças de me despertar.

Sunday, July 29, 2007

Alice na caixa!


Opa, casa nova!!
O endereço do Reviravoltas agora é...
patriciakalil.com/blog
:)
Um beijo, P.

Wednesday, July 25, 2007

Macrocosmo

Water lilies - Monet
O chinês segurou meu pé com as duas mãos. Não disse uma palavra; prudência desnecessária. Aquele pé parecia conter todas as respostas do mundo. Resumia-me. Introduziu a primeira agulha.

Eu abandonei as defesas do corpo e meus cílios cerraram-se no instante infinito. Um tempo livre de bagagens ou inférteis suspiros de pressa: até o desconhecido parecia profundamente íntimo.

Danço, danço, danço o ballet moderno do meu interior brasileiro. Se meus dedos tivessem lábios, selariam beijos por toda a terra para evitar a palavra. Encontros de reconhecimento e liberação. O campo é azul e verde demais.

Ai meu pé! Flechas. “Qual de nós é o mais adequado para a festa?” – perguntou um índio bêbado que cruzou meu caminho. Pegou uma maçã e a dividiu ao meio. “Qual das partes tem mais sabor de maçã?”. As duas são iguais, ora veja. Mordi a da esquerda. “Conte-me, ainda tem gosto de maçã inteira?” A fruta esfarelada se misturava com minha saliva. Um novo conjunto particular. Sentia o perfume doce e o gosto de lágrimas. “Desculpe-me, seu índio, eu não saberia responder”.

O chinês tossiu. Era o fim da consulta. Vi um pouco do mundo e ele perfez meu pé. Tem razão e ainda somos todos inteiros.

Thursday, July 19, 2007

Quem mexeu no meu tofu?

medalhão de glúten e legumes com molho de laranja

A mesa está cheia de sabores, perfumes, texturas e cores. Pimentas e especiarias para estimular o paladar, provocar a memória e revelar os gostos do mundo. O homem gira ao redor do prato. A história é decidida em banquetes, com sabores delicados ou fortes, delícias salgadas, toques quentes ou frios, mordidas molhadas, sorrisos doces e olhares ácidos.

Rejeitei por muitos anos a idéia de dietas pisci-vegetarianas, vegetarianas ou macrobióticas. Faltava-me motivos para renunciar a feijoada com couve, o peito de pato grelhado com batata sauté, o cordeiro assado com iogurte, o arroz marroquino, o ossobuco italiano ou o joelho de porco com chucrute do amigo alemão. Não me convencia a lógica de trocar churrasco por proteína de soja. Perguntava-me como alguém havia duvidado do equilíbrio perfeito das camadas suculentas da lasanha à bolognesa?

barcas de tofu com cinco pimentas, com purê de manga

A gota d'óleo

A dieta em casa sempre foi bem variada e, acredito, sem excessos. Laurent adora cozinhar e faz tudo com muito carinho e talento natural. Mas nem tudo é simples assim! Com susto, descobri no ano passado que meu nível de colesterol LDL beirava 300 (o nível normal é abaixo de 200, o alto é 200-239 e acima de 240 é bem alto). A tendência era só aumentar. "Herança genética", disse o médico. Fui orientada a reduzir o consumo de produto animal, com única exceção feita para peixes. Para uma pessoa com colesterol alto, carne vermelha ou branca, queijo e ovos devem ser consumidos com moderação: duas a quatro vezes por mês.

de Olga Lyubkina

Aquela pirâmide!! :) Eu não quis tomar medicamento aos 28, sem pelo menos tentar a dieta nova. No começo foi duro. Confesso, passei por um período de rejeição e tristeza: "como não posso ter ovo quente!", "adeus meu prima dona, camembert, gruyère! adeus quiche", "por quê, por quê?!" - :). Laurent ajudou muito. Ele adotou o novo estilo de vida antes de mim. Passou a investigar receitas novas e alternativas com baixo teor de gordura animal.

De 300 a 185
Depois de um ano com novos hábitos, agora tudo é mais divertido. Brincamos com alimentos e colecionamos novos livros de receitas. Descobrimos que é possível ser low-fat, com sabor e criatividade.

patê de lentinha com pecan, homus,
picles de pepino, alcaparras e azeitonas


Não sou radical, mas tenho a filosofia de que se for para furar a dieta, que seja por uma boa causa - hehe! Ter critério para decidir quando vale a pena comer carne, queijo e ovos, ou não. As oportunidades ficam cada vez menos interessantes ou tentadoras, vale dizer. Nem em Nova York quis experimentar o famoso hotdog de rua ou o sanduíche de pastrami judeu.

Os resultados estimulam: meu nível de colesterol caiu de 285 para 175, em menos de um ano. Estou na faixa normal, sem remédio! Frutas, saladas, legumes, grãos combinados à vontade. Peixe, duas vezes por semana. E muita sutileza ao explorar os maravilhosos presentes da terra. A mesa ainda está cheia de perfumes e cores, mas agora com novo equilíbrio.

o famoso falafel com cuscuz marroquino e salada
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Para ouvir meu primeiro podcast sobre vegetarianismo em Seattle e Nova York, clique aqui.

Restaurantes citados no podcast:
- Gobo
- Candle Cafe

Wednesday, July 18, 2007

:( vira-vira sem volta

Quero atualizar o blog, mas preciso de fôlego...

1) provas da Universidade de Washington
2) prazo de entrega do curso de e-learning para África
3) criar novo blog no wordpress de receitas (nova!)
4) migrar o blog reviravoltas para wordpress (novo! - hehe)
5) escrever post sobre semana em Nova York: velocidade, arte e gastronomia
6) escrever post sobre pisci-vegetarianismo e redução do colesterol
7) partilhar minha felicidade com livro de Paul Auster
8) divulgar o novo site pakalil.com
9) escrever post para jogo que Lucia Freitas me convidou

Enfim, resolvi dar uma de "joão-sem-braço" ou "alice-sem-mão" por um mês. Para matar saudade e rir um pouco, sigo os blogs amigos. Mas... tenho coração.


Ontem, enquanto estudava para a prova do fim do mês, ouvi o locutor da rádio pública interromper a música para anunciar em tom grave e alarmante: "Passenger plane crashed in the heart of South America's largest city, Sao Paulo". Larguei tudo e corri para o computador.

Quanta dor. Explicações tardias não são capazes de aliviar a sensação de impotência, vazio, descaso da aeronáutica e das cias aéreas. Fosse público que o aeroporto estava perigoso e os próprios pilotos tinham medo de aterrar na pista curta, que Congonhas estava sobrecarregada e houve lobby para permitir pouso de aeronaves grandes no local, que não havia ranhuras na superfície da pista e os conseqüentes riscos de falta de atrito dos pneus, empoçamento e derrapagem. Fosse público, antes de ser trágico.

Acompanhar notícias de morte é sempre muito ruim. Quando o assunto é familiar, o contato e atualizações telefônicas permitem uma sensação menor de isolamento. Mesmo assim, é duro demais. Quando o fato é um desastre nacional, você fica perdida com "sua" notícia, entre o pensamento, a dor e a distância.

Wednesday, July 11, 2007

Michi

“One encounter, one chance”

Thursday, June 21, 2007

Summer holiday :)

Dieter Hawlan

- Essa semana você não pode vir, Alice, vamos fechar pra balanço.
- Caramba, mas justo na semana do balanço eu não vou!